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Título: Amor de Perdição
Autor: Camilo Castelo Branco
Editora: Guerra & Paz
Ano de Publicação: 2016
Páginas: 208
Onde comprar (portes grátis): Wook
Sempre ouvi falar sobre Camilo Castelo Branco, a sua trágica história e o seu maior romance. Porém, só aos 21 anos li Amor de Perdição, e é dessa experiência que vos venho falar.
Esta é uma leitura muito triste: o autor conta-nos a história de Simão, seu tio, ainda que alterada e com ficção à mistura. Este apaixona-se por uma vizinha, paixão essa que é correspondida. Porém, à semelhança do que acontece noutras grandes obras literárias, estes dois personagens pertencem a famílias rivais. Como tal, a sua relação não é aceite e são proibidos de estabelecer qualquer contacto.
Amava Simão uma sua vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-nascida. Da janela de seu quarto é que ele a vira pela primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração do vizinho: amou-o também, e com mais seriedade que a usual nos seus anos (p. 37)
Não achei Amor de Perdição uma leitura muito fácil ao início, custou-me um pouco entrar na história. Como nunca tinha lido nada do autor, estranhei a escrita, mas a partir do terceiro ou quarto capítulo foi sempre a aviar, li tudo num instante. Adicionalmente, falou de política logo nas primeiras páginas, por isso eu comecei logo a revirar os olhos… mas depois mudou de assunto 😛
Existe alguma crítica social, e a crítica à igreja é muito acentuada a certa altura, quando o autor escreve diversas cenas passadas no interior de um convento.
Não delongaremos esta amostra do evangélico e exemplar viver do convento onde [personagem] mandara a sua filha a respirar o puríssimo ar dos anjos, enquanto se lhe prepara crisol mais depurador dos sedimentos do vício no convento de Monchique (p. 83)
É muito interessante observar os contrastes entre a época em que a obra foi escrita e a nossa, a todos os níveis. Um desses contrastes será o casamento entre primos, ou o facto de o pai escolher o cônjuge dos filhos. Bem, na realidade esse passado não é assim tão distante, mas não é práctica comum nos nossos dias. Porém, talvez o maior ‘choque’ se dê no que toca a diálogos. Foi algo que notei durante a leitura: a linguagem é muito diferente. Claro que, pertencendo a uma classe social alta, o autor teria crescido envolto numa linguagem um pouco mais formal, mas até a linguagem formal difere da actual. É muito interessante, e para uma estudante de Letras é uma delícia!
A edição que li, da colecção de clássicos da Guerra & Paz, é exemplar. Além de ilustrações e prefácios/notas do autor, inclui uma secção de anexos que, entre outros extras, inclui textos de época de Manuel Pinheiro Chagas e Ramalho Ortigão acerca da obra. A partir destes, ficamos com uma noção da perspectiva, tanto do autor, como de terceiros seus contemporâneos, em relação a este romance.
Como devem saber, esta história é muito trágica, por isso ficamos de coração apertado o tempo todo. Porém, há alguns momentos de descontração, quando algum personagem tem uma saída mais engraçada. Esta cena em particular fez-me soltar uma gargalhada:
A rapariga sai à mãe. Minha mulher, que Deus haja, quando eu lhe andava rentando, dei-lhe um dia um beliscão numa perna. E vai ela põe-se direita comigo, e deu-me dois cascudos nas trombas, que ainda agora os sinto (p. 148)
Em suma, estou muito feliz por ter, finalmente, lido este grande clássico da nossa língua. Adorei cada momento, apesar de toda a tristeza que me causou. É uma leitura muito rica, até parece impossível que o autor a tenha escrito em apenas 15 dias!
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Sim! Eu adoro Amor de Perdição. É uma história incrível cheia de amor e de tragédia. Depois de ler o livro fui visitar a cidade do Porto e visitei certos sítios envoltos na história e passa a ser completamente diferente, é incrível!
Boas leituras.
https://presa-nas-palavras.blogspot.com/
Fico sempre feliz quando vejo alguém falar bem deste livro! É tão mal-amado – e eu gostei tanto!
É um livro bom, mas o leitor demora até entrar no ritmo da história
Demora um pouco, sim, mas vale totalmente a pena! 😀
Já reparei nisso, quando disse no canal que o ia ler tive vários comentários de pessoas que não tinham gostado do livro. Felizmente peguei nele mesmo com as opiniões menos positivas 😛