

5 estrelas•distopia•resenha
Review: A História de Uma Serva (novela gráfica) de Margaret Atwood
April 2, 2020📍 Canadá
Título: A História de Uma Serva (novela gráfica)
Autor: Margaret Atwood
Editora: Bertrand
Ano de publicação: 2020
Páginas: 453
Páginas: 453
Onde comprar (portes grátis): Wook & Bertrand*
Com o lançamento da sequela d’A História de Uma Serva em Portugal, fiquei muito curiosa e com vontade de conhecer a obra de Margaret Atwood. Graças à Bertrand, a quem muito agradeço o envio deste livro, comecei pela versão mais light da mais conhecida obra da autora – A História de Uma Serva, adaptada como novela gráfica.
A HISTÓRIA
Neste livro, seguimos Defred, uma Serva na República de Gileade (basicamente, os Estados Unidos, mas num regime fundamentalista após conflitos políticos). Nesta sociedade distópica, as mulheres estão proibidas de executar tarefas básicas, como ler, e são divididas de acordo com uma espécie de “classes sociais”. As Servas são as mulheres férteis, cuja função é gerar filhos para as Esposas dos Comandantes – que são apenas isso, Esposas de Comandantes, fazendo parte de uma elite estéril. Vestem-se de vermelho, enquanto as Esposas se vestem de azul.
Mas esta sociedade nem sempre foi assim: Defred tinha um marido, uma filha, um emprego, uma vida normal. Até tudo mudar e ficar reduzida à sua fertilidade que, na verdade, é a única coisa que a valoriza – porém, ainda assim, é tratada como lixo. Assim, seguimos o dia-a-dia desta mulher cuja única função é engravidar do Comandante que a acolheu em sua casa. Caso não consiga engravidar, uma terrível sina espera-a nas Colónias…
OPINIÃO
Ora cá está, finalmente, a minha estreia com Margaret Atwood! Confesso que não esperava gostar tanto desta obra. Sabia que era uma distopia, publicada nos anos 80, e na qual as mulheres eram oprimidas e reduzidas ao bom funcionamento do seu útero. Porém, a história vai além da sociedade distópica em si. A autora foca-se bastante no presente, a situação actualmente vivida por Defred, mas dedica também algum tempo à exploração do passado da protagonista e do triste rumo que o país foi tomando. A autora enfatiza igualmente a nostalgia e saudade que Defred sente em relação aos seus entes queridos, como seria de esperar.
A personagem principal, bem como a sua amiga, Moira, são-me agora muito queridas, apesar de o tempo que passei com elas ter sido reduzido, devido ao formato do livro. São duas mulheres fortes, determinadas, que apesar de toda a opressão tentam fugir às regras de alguma forma, para tornar as suas vidas um pouco mais toleráveis. Penso que o que mais me chocou nesta sociedade foi a frieza com que as Servas são tratadas. Bem, chocar, é como quem diz, até porque já vi coisas piores em sociedades actuais, mas vocês percebem o que quero dizer… E, infelizmente, não são apenas as Servas que vemos maltratadas, mas todas as mulheres – até as Esposas, parte de uma elite social, são basicamente forçadas a assistir às frias relações sexuais dos seus maridos com as Servas (na tentativa de gerar os filhos que elas próprias não podem conceber), e são-lhes também negadas as mesmas tarefas básicas que se negam às Servas.
Sendo esta uma novela gráfica, é uma leitura extremamente rápida, mas esse aspecto não a torna menos impactante. O traço da autora é, a meu ver, super adequado ao tom sombrio e melancólico da história, e sinto que captou muito bem os sentimentos da protagonista através das suas ilustrações. Dependendo do estado de espírito de Defred, a paleta de cores usada por Renée Nault ia sofrendo alterações, bem como o seu traço. No tempo presente, o traço de Nault é carregado, e as cores escuras. Porém, quando a protagonista recorda a sua vida anterior, tudo se torna bem colorido e alegre, e o traço é infinitamente mais suave. Assim, a artista transmite fielmente, e de forma clara, tudo o que a personagem principal sente, desde a nostalgia, à frustração e profunda tristeza.
Quanto à escrita da autora, decidi que não devia avaliá-la, já que se trata da adaptação de um livro que eu ainda não li – e não vou também avaliar se esta é, ou não, uma boa adaptação, precisamente pela mesma razão. Falarei dessa parte quando ler, finalmente, o romance original! Termino então esta opinião recomendando que leiam esta novela gráfica – tanto os leitores que já conheçam a obra original, como os que nunca tiveram qualquer contacto com Atwood. Acho sempre importante que se leiam distopias deste género porque, por muito que achemos estapafúrdio, não é assim tão descabida a transição para regimes autoritários e fundamentalistas, como podemos observar nesta leitura.
Avaliação
Ritmo - 95%
Enredo - 95%
Personagens - 100%
Ilustração - 100%
98%
fantásticas ilustrações para uma história inesquecível.
Uma leitura distópica obrigatória, adaptada para um formato extremamente fácil e rápido de ler. Um livro que nos faz reflectir e causa, sem dúvida, bastante angústia.
Obrigada por visitarem o blog,
Até ao próximo post! ♡